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"De onde eles vêm" — Jeferson Tenório entrega mais um soco delicado no estômago

  • Foto do escritor: Ronaldo Gomes dos Santos
    Ronaldo Gomes dos Santos
  • 26 de abr.
  • 2 min de leitura

Atualizado: há 4 dias

26 de abril, terceiro encontro do Clube do Livro Independente onde nos reunimos para compartilhar impressões e mergulhar juntos nas camadas de cada história. Nesta edição, o foco foi De onde eles vêm, de Jeferson Tenório, e a conversa não poderia ter sido mais rica: discutimos as marcas da identidade, o peso da memória e a maneira como o autor constrói um Brasil muitas vezes invisível para quem não vive na pele as dores e resistências que ele retrata. O debate foi intenso, cheio de trocas sinceras e conexões pessoais, reforçando o que já sabíamos: literatura é um espelho e também uma janela.



Jeferson Tenório já havia nos conquistado com O Avesso da Pele, mas em De onde eles vêm ele aprofunda ainda mais suas marcas registradas: a sensibilidade crua e a força poética com que narra vidas negras atravessadas por desigualdades e silêncios.

Publicado em 2024, o novo romance de Tenório é mais uma prova do seu talento para construir personagens que parecem pulsar fora das páginas. A história acompanha João, um jovem negro de Porto Alegre que, após a morte da mãe, precisa lidar com a solidão, o racismo estrutural e a busca urgente por pertencimento. Diferente do drama exagerado que outros autores poderiam escolher, Tenório aposta na sutileza: os pequenos gestos, as conversas interrompidas, o vazio das ausências. É nesse terreno que o autor nos prende — naquilo que não é dito, mas grita.


A escrita é simples e afiada, como já virou assinatura de Tenório. Sem excessos, ele consegue dar camadas profundas a seus personagens, costurando temas como paternidade, identidade e memória em um enredo que é tanto íntimo quanto coletivo. De onde eles vêm é sobre as raízes que tentamos entender, as cicatrizes que herdamos e o futuro que ousamos construir.


O livro também se destaca por ter um ritmo cinematográfico: os capítulos curtos e a atmosfera meio nublada lembram filmes indie que ficam dias rondando a cabeça. Não é um romance de grandes reviravoltas — é uma história de amadurecimento e resistência, em que cada passo é uma vitória silenciosa.


Por que você deveria ler?

Foto: Carlos Macedo / Divulgação


Porque Jeferson Tenório é, hoje, uma das vozes mais importantes da literatura brasileira contemporânea. De onde eles vêm é mais do que um livro sobre racismo ou juventude periférica — é uma história universal sobre perdas, afetos e esperanças quebradas que, de algum jeito, ainda insistem em florescer.


Jeferson Tenório (nascido em 1977) é um escritor brasileiro . Nasceu no Rio de Janeiro e atualmente reside em Porto Alegre .  Doutorou-se em Teoria Literária pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). Seus textos teatrais e contos foram traduzidos para o inglês e o espanhol.


Seu romance de estreia, O beijo na parede, foi publicado em 2013 e eleito Livro do Ano pela Associação Gaúcha de Escritores . Seu romance O avesso da pele (2020) ganhou o Prêmio Jabuti . Foi publicado em inglês como Dark Side of Skin pela Charco Press . Já foi selecionado para traduções em italiano, francês, chinês e outros idiomas.


Ficha técnica

Número de páginas: 208

Editora: Companhia das Letras

Ano de lançamento: 2004


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