Ainda estou aqui
- Ronaldo Gomes dos Santos
- 12 de nov. de 2020
- 3 min de leitura
Atualizado: 18 de abr.
Esse livro foi uma indicação de um clube de leitura que assinava, no início apenas o título me chamava a atenção, porém a partir da leitura das primeiras páginas eu me deixei levar pela história real de sofrimento, ocorrido no período da ditadura militar no país, em 1971 onde Eunice Paiva se vê numa situação em que precisa encontrar forças para seguir a jornada de angústia que lhe era imposta com a prisão do seu marido, Rubens Paiva.
(Trecho da introdução do livro)
Eunice Paiva é uma mulher de muitas vidas. Casada com o deputado Rubens Beyrodt Paiva, esteve ao seu lado quando foi cassado e exilado, em 1964. Mãe de cinco filhos, viu-se obrigada a criá-los sozinha quando, em janeiro de 1971, Rubens Paiva foi preso por agentes da ditadura, a seguir torturado e morto. Em meio à dor e às incertezas, ela se reinventou. Voltou a estudar, tornou-se advogada, defensora dos direitos indígenas. Nunca chorou na frente das câmeras. "Foi a minha mãe quem ditou o tom, ela quem nos ensinou", escreve Marcelo Rubens Paiva neste relato emocionante sobre o passado, as perdas e a volta por cima.
Ao falar de Eunice, e de sua última luta, desta vez contra o Alzheimer, ele fala também da memória, da infância e do filho. E mergulha num momento sombrio da história recente brasileira para contar - e tentar entender - o que de fato ocorreu com Rubens Paiva, seu pai, naquele janeiro de 1971.

O livro é uma recomendação obrigatória! Para que ao lermos aprendamos com os erros do passados e, assumamos a nossa responsabilidade para que tais atos arbitrários jamais voltem a ocorrer no curso da humanidade.
Tive a minha visão ampliada com a leitura do livro. Reconheci que a nossa inanição é fator de atos bárbaros ocorrerem e sucederem em diversas épocas da história, eximimo-nos de nossa culpa, porém estamos intimamente ligados a partir do momento em que dizemos que isso não tem nada a ver conosco. Fato que me traz à mente o seguinte trecho do pastor Martin Niemöller:
"Quando os nazistas vieram buscar os comunistas, eu fiquei em silêncio; eu não era comunista.
Quando eles prenderam os sociais-democratas, eu fiquei em silêncio; eu não era um social-democrata.
Quando eles vieram buscar os sindicalistas, eu não disse nada; eu não era um sindicalista.
Quando eles buscaram os judeus, eu fiquei em silêncio; eu não era um judeu.
Quando eles me vieram buscar, já não havia ninguém que pudesse protestar."
Estas palavras foram extraídas das preleções de Niemöller durante o período inicial do pós-Guerra. Existem diferentes versões e textos, mas isto pode ser atribuído ao fato de que Niemöller falou várias vezes de forma improvisada e em vários locais e situações diferentes. Muita controvérsia envolve o conteúdo do poema já que ele foi impresso de diversas formas, e refere-se a diversos grupos, tais como católicos, Testemunhas de Jeová, judeus, sindicalistas ou comunistas, dependendo da versão. Apesar disto, o seu argumento era o de que os alemães haviam sido cúmplices do sistema através do seu silêncio sobre as prisões nazistas, a perseguição e o assassinato de milhões de pessoas. Ele sentiu que isto era particularmente verdade em relação aos líderes das igrejas protestantes (das quais a Igreja Luterana era uma das denominações).
Título: Ainda Estou Aqui
Autor: Marcelo Rubens Paiva
Editora: Alfaguara
Ano: 2015
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